sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Sobre a formação da Umbanda como religião brasileira

 O propósito ao qual foi proposta a reflexão, refere-se a uma indução para que vocês comecem a expandir a mente sobre a natureza real do que é ser umbandista e suas relações com os demais cultos existentes em solo brasileiro e alguns outros países da América. E nunca se esqueçam que o Brasil é praticante "um continente" de tão grande que é nosso país, ocupa metade da América do Sul!

Devemos sair do "buraco exclusivista" religioso que naturalmente tendemos a nos alienar, abominando tudo aquilo que é diferente do que aprendemos e convivemos. A Umbanda não é e nunca foi uma religião igual a "essa" que cada um conheceu e segue. A Umbanda é maior que isso e pode ser comparada a um novelo de "teia de aranha", onde não dá mais pra buscar a linha que te leva para o "meio" do novelo, para onde tudo começou a acontecer, pois isso não existe. Obviamente, encontramos sim ancestralidade de rituais, práticas, crenças e podemos identificar bem os cultos originais que deram origem a grande parte da Umbanda. 

Existe na Umbanda um "Mito de Origem" em Zélio de Morais e o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porém é o que é: um mito de origem! A Umbanda não nasceu assim. Segundo meu entendimento, foi oficializada e reconhecida em 1908. 

Com a disseminação das crenças africanas e a fundação das antigas Casas de Candomblé de todas as "Nações", bem como de cultos como o Terecô no Maranhão, o Tambor de Mina no Pará (se não me engano),a Cabula no Espírito Santo, as "Macumbas" Cariocas, os Batuques do Rio Grande do Sul, a Umbanda de Almas e Angola de Santa Catarina, o Catimbó do Nordeste, além de influências kardecistas e católicas populares, além das pajelanças de várias nações indígenas, todo um arcabouço sincrético entre as divindades dessas religiões aconteceu, surgindo assim a introdução em toda parte de Espíritos Ancestrais Brasileiros, que apresentavam-se com arquétipos de Pretos-Velhos, Caboclos, Erês, Baianos, etc. 

E o trabalho dessas Entidades passou a ser introduzido gradativamente e com características próprias, que acabaram convergindo a um modo de trabalho espírita tipicamente brasileiro, chamado Umbanda. Dentro desse processo de assimilação, Exus e Pombagiras foram adentrando nos cultos, mostrando seu jeito de ser e identificando-se com nomes "de guerra" diferentes daqueles que outrora eram usados na África pela Divindade Exu Africana, nascendo assim uma dissociação entre o que era Yoruba e o que é agora Exu e Pombagira no Brasil. Associação ancestral e campos de atuação iguais, mas agora formas de culto e de rituais diferentes, pois não são os mesmos "espíritos". Assim como houve uma apropriação na forma dos cultos negros e indígenas com um novo jeito brasileiro das Entidades de Direita e Esquerda, ocorreu também essa reinterpretacão dos Orixás, que tornaram-se o "primeiro escalão" na Umbanda. O Ogum, a Iansã, o Oxalá, etc, da Umbanda, não são mais os correspondentes Africanos. Tínhamos, na África, Orixás com suas Qualidades e seus Caminhos, seus Cultos e suas formas ritualísticas; temos na Umbanda uma nova visão sobre eles, surgindo assim, por exemplo, a Iansã dos Raios, Xangô das Cachoeiras, Ogum Iara, etc. A essência é a mesma, obviamente, e isso não pode nunca mudar! Não foram mudados os Orixás, foram reinterpretados e esse é o limite. 

Portanto, vamos expandir nossas visões, nossas mentes, e não enxergar no outro "o erro" e na nossa Casa "o certo". Se um processo sincrético, reinterpretativo e de bricolagem aconteceu nos mais variados cantos de nosso país, originando as "Umbandas", quem somos nós para concluir que a Umbanda praticada na nossa região geográfica é a "certa" e as outras estão "erradas". Enfim, conheçamos todas as fantásticas manifestações religiosas brasileiras com a mente aberta, assim como reconheçamos que a Umbanda é um Movimento Religioso Brasileiro típico, porém cada Axé reconhecido como parte legítima do seu processo histórico, cultural e geográfico de formação. Axé!!!

sábado, 25 de setembro de 2021

Orixás e seus "defeitos de caráter"

   Caro leitor, já percebeu que costumamos ouvir ou, até mesmo comentarmos, que, se tal pessoa é isso, é porque é filho de tal Orixá? Fulano é aquilo, porque tem aquele Orixá? 

   Parece até que "ter certo Orixá" no Ori significa manifestar defeitos de caráter que supostamente originam-se neles e são eles os culpados pelas falhas e fraquezas dos seus filhos. 

   Quem nunca ouviu coisas do tipo: essa é manhosa, só podia ser de Oxum mesmo; esse cara é briguento porque carrega Ogum; a fofoqueira alí é filha de Yemanjá; a rancorosa é filha de Nanã; a teimosia desse cara é por causa de seu Pai Oxalá; entre tantas coisas absurdas.

    Porém, se repararmos, realmente filhos de determinados Orixás manifestam certos defeitos mesmo. Claro, de forma genérica, pois a Coroa de um filho não é exatamente a mesma de outros filhos do mesmo Orixá.

   Ora, então o que acontece? Realmente temos certos defeitos por quê são características reproduzidas por sermos filhos de certos Orixás?

   Cada Orixá é a manifestação imanente e transcendente de determinadas qualidades de Deus, que se reproduzem na realidade humana (nossa realidade).

   Por exemplo, Pai Oxóssi: é o Conhecimento de Deus, infinito nessa qualidade e infinito nos seus atributos; é a prosperidade, a luta, a caça, a busca incessante pelo crescimento e desenvolvimento, é a expansão, entre outras coisas, como o instinto impulsivo, a retórica e a luta pelo melhor.

   Filhos de Oxóssi são conhecidos por serem indecisos, confusos, um tanto vaidosos, quietos até terem a oportunidade de falar (aí falam "mais que a boca"), serem distraídos, desconfiados, acomodados na vida amorosa e, o que chama a atenção, não sabem guardar segredo.

   O problema é que não lembramos (ou em menos vezes o fazemos) de dizer que são inteligentes, discretos, caridosos, rápidos, respeitam opiniões opostas (mesmo sendo insubordinados), habilidosos, sensíveis, dóceis, alegres, educados, serenos, joviais, criativos, artísticos, curiosos, de tendência à beleza física, etc.

   E, assim, podemos identificar o mesmo comportamento para com os demais filhos dos outros Orixás, cada qual com suas particularidades.

   Segundo nossa Teologia, Deus cria cada pessoa, cada ser humano, na essência de um Orixá, que será o predominante eternamente. Depois, pareia outro Orixá para lhe fazer um "casal", completando assim a ANCESTRALIDADE; ou seja, se o primeiro for masculino, o segundo será feminino, e vice-versa.

   Ao longo das dimensões da vida, onde o ser vai evoluindo, ele vai agregando outros Orixás à sua Coroa, formando assim o seu Enredo.

   Chega o momento do espírito evoluir na dimensão humana e, cada vez que o ser encarna (ou reencarna), ele recebe a predominância de um Par de Orixás (um Pai e uma Mãe) e, sequencialmente, um terceiro, quarto, quinto, etc.

   O Orixá regente não é obrigatoriamente o Ancestral! Mas o regente é aquele que vai ser responsável por aquela encarnação especificamente. Isso significa que o Pai ou Mãe Orixá será quem conduzirá o Caminho para aquele espírito evoluir, contribuindo a eliminar os defeitos de caráter que o espírito tem em si - em geral, os aspectos negativos correlacionados ao seu Orixá.

   Quero dizer que o Orixá regente sustentará, vibrará no ser, suas qualidades elevadas para que o ser evolua, abandonando assim as características negativas, promovendo a força espirital para que o ser deixe o lado negativo e manifeste os aspectos bons desse Orixá.

   Caso esse espírito traga uma missão mediúnica na Umbanda, por exemplo, ele manifestará mais intensamente esse Enredo e desenvolverá a sua Trama, ou seja, os Guias Espirituais que atuarão junto ao médium em consonância com seu Enredo.

   Por isso, saiba os leitores, que a evolução espiritual na presente encarnação será muito eficaz e mais abrangente, através do trabalho caritativo e mediúnico.

   Enfim, caros leitores, quando manifestamos muitos defeitos de caráter, significa que eles são nossos defeitos, nossas fraquezas, como espíritos. Os Orixás são a força superior que nos são agregadas para que possamos superar essas características e passemos a vibrar o lado positivo do Orixá.

   Orixá é Essência de Deus, é parte transcendente e imanente de Deus, que manifesta, irradia, rege, vibra e nos alimenta com suas qualidades e atributos, que são positivos.

   Na Umbanda, quem rege os aspectos negativos dos Orixás são os Guardiões (Exu) e Guardiãs (Pombagiras) desses Orixás. Os aspectos negativos, claro, pertencem aos campos dos Orixás, mas como potencial de existência, não como manifestações deles, por isso, Exus e Pombagiras cuidam disso.

   Portanto, nunca devemos associar os defeitos das pessoas nos porquês de serem filhos deste ou daquele Orixá. Os defeitos são nossos, seres humanos! 

   Nossa meta é nós evoluirmos e nós deixarmos de reproduzir nossos aspectos ruins, o que será facilitado através do esforço pessoal, coletivo e com a ajuda incomparável de nossos Pais e Mães Orixás e nossos Guias.

   Nunca culpe seus Orixás pelas suas falhas!

   Que Oxalá abençoe a todos!

sábado, 17 de julho de 2021

"Fim do mundo" e "retorno de Jesus"

   Quase toda sociedade brasileira sabe alguma coisa sobre certas idéias proféticas que são ensinadas na Seara cristã, inclusive grande parte do mundo tem o mesmo conhecimento.

    Sobre isto, uns entendem mais, outros menos, mas podemos perceber que existe propostas dogmáticas de que Jesus retornará à Terra nos "fins dos tempos" e, antes disso, haverá certos sinais (ou profecias" bíblicas). 

    É curioso notar que todas os três maiores conjuntos religiosos do mundo falam sobre isso: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. 

   O Judaísmo prega a vinda (ainda) do seu Messias, que instalará um Estado Judaico poderoso e uma série de eventos ocorrerão, cujo propósito será implantar um "Governo Divino" na Terra, sob o comando Judaico.

   O Islamismo afirma que Jesus voltará e lutará contra o "Anticristo", contra o mal e destruirá o "paganismo", além de que confirmará ao mundo que o Islã é o caminho verdadeiro (condenando inclusive os cristãos que o adoram como Deus). Também, junto a Jesus, aparecerá a figura do que os muçulmanos chamam de Mahdi, o Ímã que estabelecerá o Governo Divino pré-apocalíptico.

    Tratarei, neste texto, somente sobre o Cristianismo, que está praticamente inserido na nossa sociedade, cultura e  inconsciente coletivo brasileiros.

   Talvez, alguns possam indagar o porquê de um Sacerdote de Umbanda estar escrevendo sobre um pouquinho da Escatologia do Cristianismo (mais especificamente), mas o fato é que se trata de um assunto conhecido e comentado na sociedade brasileira (e Ocidental), além de que uma das matrizes da Umbanda é o Catolicismo. Logo, o assunto é pertinente e escrevo sobre uma visão - o Axé Ventania - e creio que possa ser importante para o conhecimento dos praticantes da Umbanda.

    O Cristianismo se fundamenta no retorno de Jesus (dessa vez "glorioso"), através, principalmente, de certas passagens da Bíblia:

   

1° sinal: os cristãos seriam odiados, caçados e mortos. 

(Mateus 24:9)


2° sinal: surgimento de falsos cristos. (Mateus 24:5)


3° sinal: muitas guerras e revoluções. (Mateus 24:6)


4° sinal: fome, pestes, terremotos e tsunamis

(Mateus 24:7; Lucas 21:25)


5° sinal: surgimento de falsos profetas e apostasia mundial gradativa da igreja cristã. 

(Mateus 24:11,12; II Tessalonicenses 2:3)


6° sinal: o Evangelho será pregado a todos os seres humanos do mundo. (Mateus 24:14)


7° sinal: surgimento do Anticristo, o qual será o último sinal que precede a Vinda de Jesus Cristo (que o destruirá pessoalmente).

(2 Tessalonicenses 2:3 e 2:8) 


    Atualmente, vivemos num planeta muito avançado tecnologicamente, com um tremendo grau de globalização, rapidez nas notícias e informações sobre quase tudo, produção de alimentos sem precedentes, dependência vital de eletricidade e da informática, em que não conseguimos imaginar nossas vidas sem internet ou nossos celulares, entre tantas coisas.

   Imagine que há pouco mais de um século, andávamos a cavalo e, hoje, existem sondas em Marte, outras nos limites do Sistema Solar! Podemos saber em tempo real o que está acontecendo do outro lado do planeta! Entre tantas outras coisas...

   Porém, ainda somos seres gananciosos, preconceituosos, destruidores da Natureza. Temos um Modo de Produção que é Capitalista, cujo propósito é aumentar a riqueza, mas sempre de uma minoria em detrimento da maioria explorada. Os objetivos são sempre primariamente econômicos, portanto, ainda há muitos que passam fome, não têm saneamento básico, sofrem horrores com regimes ditatoriais, de limpeza étnica, genocídios, guerras, violência e até (pasmem!) escravidão (de mão de obra e sexual).

   Quando os cristãos analisam os acontecimentos do mundo à luz das passagens bíblicas, é quase inevitável que se concluam que "estamos nos fins dos tempos".

   Ora, se estudarmos a história religiosa cristã, percebemos que "estamos no fim dos tempos" desde os tempos de Jesus. Paulo mesmo acreditava que o "retorno de Jesus" era iminente, que ocorreria ainda durante seu tempo de vida. 

   Como nada ocorreu, a "data" foi cada vez mais sendo "deslocada pra frente". Podemos enumerar diversos anúncios de "fim do mundo" ao longo do tempo: quando ocorreu a peste negra que devastou a Europa; nos tempos das invasões Mongóis com Genghis Khan; na virada no primeiro milênio depois de Cristo (ano 1.000); nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais; na Guerra Fria; na ascensão do Comunismo Soviético; etc, etc e mais etc.

   Será que realmente estamos nos "fins dos tempos"? Ou será que se trata de uma ideia perene na nossa sociedade, que está sempre nos lábios de, principalmente, Pastores evangélicos?

   "Os cristãos seriam odiados, caçados e mortos". (Mateus 24:9)

   Os cristãos foram, desde o começo, odiados, caçados, torturados, esnobados, excluídos e mortos. Antes do Império Romano permitir e depois oficializar o Cristianismo, a vida para eles não era fácil. Ocorreram perseguições e verdadeiros massacres, mortes desumanas para com eles ao longo da história. E o tempo passou, os cristãos aumentaram, ganharam poder e passaram eles, depois, a atacar e massacrar os outros grupos. Claro que ocorrem perseguições a cristãos no mundo de hoje, principalmente em países de regime ditatorial ou regimes teocráticos, quando não, por grupos religiosos extremistas, mas são casos  de tratamento mais específico e regional

  "Surgimento de falsos cristos".(Mateus 24:5)

   Bem, desde o princípio do Cristianismo, apareceram homens se dizendo "Messias", mas, obviamente, naquele primeiro momento eram mais ligados ao Judaísmo, tais como: Teudas (44-46), revolucionário da Judéia; Menahem ben Judá, revolucionário participante na revolta contra Agripa II; Simão Bar Kobas (morte: 135 d.C.). Depois, com o crescimento cristão, de temos em tempos, alguém se anunciava ser "Jesus", como por exemplo: Jacobina Mentz Maurer (1841 - 1874), brasileira, declarou-se reencarnação de Cristo; Maria Devi Christos (1960), ucraniana, fundadora da "Grande Irmandade Branca"; Álvaro Inri Cristo Thais (1948), Brasil, se diz a reencarnação de Jesus; Sergey Anatol'yevitch Torop (1961), russo, conhecido como Vissarion, obteve sua primeira revelação de que era Jesus quando ocorreu a dissolução da União Soviética e, desde então, reuniu um grupo de 5.000 a 10.000 discípulos na floresta da Sibéria, onde vivem em aldeias com sua própria infraestrutura e sistemas sociais. 

   Portanto, podemos enunciar que sempre houve alguém se intitulando ser "Jesus" e com tremenda convicção e certeza disso, não se trata de algo de hoje em dia

   "Muitas guerras e revoluções". (Mateus 24:6)

   Difícil definir algum momento na história humana em que não houvessem guerras. Desde a Antiguidade, o que mais sabemos dessa época são as conquistas militares. 

   O Império Romano, que aliás, dominava a Palestina nos tempos de Jesus, sempre fez guerras, antes e depois do nascimento do Cristianismo.

   Na Idade Média, nos tempos Modernos e Contemporâneo, a guerra parece que é uma constante, sempre houve alguma nação guerreando com outra.

   Passamos por 3 grandes Revoluções que mudaram radicalmente as sociedades humanas: Revolução Industrial, Revolução Francesa e Revolução Russa (Socialismo). 

   Devemos lembrar que os maiores conflitos da nossa história poderiam ser consideradas a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que ocorreram do começo a meados do século XX, época muito próxima da atualidade.

    Infelizmente, ainda sofremos com diversos conflitos, golpes, guerrilhas e guerras mundo afora. E sempre há rumores de novas possibilidades de conflitos.

    Concluímos, então, que as guerras sempre foram uma constante na humanidade e, lamentavelmente, ainda ocorrem no presente.

   "Fome, pestes, terremotos e tsunamis" (Mateus 24:7; Lucas 21:25)

   A produção de alimentos nunca alcançou níveis tão altos de produtividade como nos dias atuais. Temos alimento para alimentar o mundo todo! Porém, sabemos que uma quantidade gigantesca de pessoas sofrem de inanição pelo mundo, especialmente na África, uma verdadeira contradição. Na história humana, a fome quase sempre esteve presente em muitas sociedades, com momentos de crise até piores que nos tempos presentes.

   As crises de doenças, pandemias e epidemias, sempre ocorreram, até piores que nos nossos tempos. Como exemplo, temos a Peste Negra, a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo seu pico entre os anos de 1347 e 1351. 

   A Gripe Espanhola, de 1918 até 1920, infectou uma estimativa de 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. O número de mortes é estimado entre 17 milhões e 50 milhões, e possivelmente até 100 milhões, considerada uma das epidemias mais mortais da história. 

   Terremotos e tsunamis ocorrem desde os princípios do próprio planeta e não é algo inédito ao homem moderno. Temos diversos exemplos de devastacões devido a terremotos e tsunamis no mundo todo.

   É de conhecimento, por exemplo, o grande Sismo de Lisboa, no ano de 1755, que destruiu quase toda a cidade de Lisboa em Portugal.

   "Surgimento de falsos profetas e apostasia mundial gradativa da igreja cristã" (Mateus 24:11,12; 2 Tessalonicenses 2:3)

   Para não nos alongarmos sobre a questão de "falsos cristos" ou "falsos profetas", mais uma vez devemos lembrar que foram uma constante ao longo da história humana.

   A apostasia (afastamento da fé) realmente é uma característica de algumas nações. Curiosamente, as nações mais apóstatas são aquelas consideradas ricas, com alto nível educacional, científico e tecnológico, em que não se encontram mais as necessidades de se encontrar respostas aos fenômenos da Natureza sob uma ótica religiosa e, na maioria dos casos, sem sentido.

   Atualmente, isso ocorre porque em muitos lugares as leis são laicas e permitem o livre pensamento. Desligar-se da religião ou contestá-la, no passado até bem recente, era uma afronta tão severa que a morte era a punição a "esse crime". 

   Considerando-se que o nível de educação do povo, até pouco tempo atrás, era pífio e que era inaceitável e incompreensível a rebeldia contra a Igreja, é natural que poucos o fizessem. Mas, se imaginarmos que, desde o passado cristão, não houvessem restrições severas de liberdade, provavelmente o fenômeno da apostasia já teria acontecido antes. E temos evidências da apostasia desde a época do Iluminismo, que já faz séculos.

   As pessoas não se tornam apóstatas porque estão se tornando "desumanas" ou "cuspindo na Igreja". O Cristianismo atual pode não estar mais respondendo às necessidades dessas pessoas, que seguem outros princípios morais elevados ou religiões e filosofias diferentes.

   E é interessante que as nações consideradas mais apóstatas são as que possuem as pessoas mais bem educadas, com melhores padrões de vida e com senso de liberdade e respeito maiores do que outras nações "cristãs".

   "O Evangelho será pregado a todos os seres humanos do mundo" (Mateus 24:14)

   É improvável, no mundo de hoje, que alguém nunca tenha ouvido falar no Cristianismo, em Jesus ou no Evangelho. Mesmo os países muçulmanos ou as nações asiáticas sabem sobre a existência disso.

   Nas épocas colonial e neo-colonial, os europeus levaram a palavra do Evangelho para os mais diversos lugares mundo afora. Em alguns, a religião cristã foi imposta e tornou-se "a verdade". Em outros lugares, foi rejeitada, principalmente na Ásia.

   Portanto, muito notório que o Cristianismo já seja conhecido no mundo todo.


   "Surgimento do Anticristo, o qual será o último sinal que precede a Vinda de Jesus Cristo (que o destruirá pessoalmente)"

(2 Tessalonicenses 2:3 e 2:8)


   Façamos uma pergunta a nós mesmos: quantos homens já foram considerados o Anticristo? Concluímos que diversos deles e desde um pouco depois da morte de Jesus. 

   Imperadores como Nero ou Calígola foram considerados pelos cristãos como o Anticristo e que já eram os sinais do retorno de Jesus, mesmo naquela época!

   Podemos inserir uma lista de nomes de figuras históricas como "ganhadores" do título de Anticristo: Napoleão, Hitler, Franklin Roosevelt, Stalin e (até) Bill Gates.

   Portanto, a cada época, um homem acaba apontado como Anticristo, mas a vida prossegue...


   Bem, após analisarmos um pouco a questão do "fim dos tempos", segundo as Escrituras Cristãs e o ponto de vista do Axé Ventania, podemos concluir algumas coisas:

   As guerras, as doenças, os massacres, os fenômenos destrutivos da Natureza, a ascensão ao poder de homens cruéis e sanguinários, entre diversos outros acontecimentos, infelizmente, sempre estiveram presentes ao longo de toda a história humana.

   Mas, uma grande diferença existe entre esses acontecimentos no passado e nos tempos de hoje: a divulgação!

   Sim, se "daqui a pouco" ocorrer um tsunami no Oceano Índico, o mundo todo fica sabendo em minutos. Se um massacre ocorre, o mundo todo é noticiado. Tudo pode ser acessado em tempo real nos nossos dias, diferente do passado, em que as notícias eram mais limitadas à sociedade imediata e chegavam de forma muito mais tardias.

   A impressão que temos é que o número de desastres, crimes, guerras e todo tipo de sortilégio está crescendo. Mas, na verdade, é que recebemos as informações deles, de diversas partes, ao mesmo tempo, dando impressão que só desgraças estão acontecendo (e acontecem).

   Sempre houve tudo isso e em várias partes do mundo ao mesmo tempo, mas ninguém ficava sabendo.

   Enfim, não pretendo desmerecer as profecias de "fim do mundo", tampouco atacar o Cristianismo.

   Minha pretensão aqui é demonstrar que não podemos simplesmente acreditar que um ponto de vista religioso é "correto" e o resto do mundo está errado.

   Acho curioso que nas profecias antigas não hajam menções a destruição por meteoros previstos para nossos tempos, pois esta possibilidade é real (até onde eu saiba).

   Devemos entender que muitas mensagens religiosas são figurativas, limitadas à época de quem escreve, não mensagens a serem entendidas ao pé da letra.

   Realmente, as ações do ser humano podem levar a um apocalipse, talvez essa seja a verdadeira mensagem profética: que seremos destruídos por nós mesmos!


quarta-feira, 30 de junho de 2021

Orixá IBEJI

    Um dos Orixás mais conhecidos do meio religioso Afro-brasileiro e da Umbanda é IBEJI; ou, como costumam chamá-lo, "Cosme e Damião". Por outro lado, paira muito desconhecimento ou desinformação sobre esse magnífico Orixá, muitas vezes identificado (erroneamente) como o mesmo que Erê. Antes de explicar um pouco sobre Ele (ou "Eles"), vejamos os itans (histórias contadas, mitologia).

   Conta um itan que os Ibejis são "filhos de barriga de Iansã e que foram abandonados nas águas, encontrados por Oxum, quem os criou como se fossem filhos seus" (Tradição Oral).

   Outro itan dos povos yorubas diz que: "Os únicos que conseguiram enganar a morte foram duas crianças, os Ibejis. Diziam que, numa época, Iku (Orixá da Morte) decepava a vida das pessoas de uma aldeia, antes da hora de suas mortes. Para solucionar o problema, buscaram ajuda do Oráculo de Ifá, que invocou os Ibejis. Porém, ninguém levou a sério que duas crianças fosse dar fim na carnificina. Os Ibejis tinham um plano para enganar a Morte. Enquanto um deles tocava tambor, o outro convidava Iku a dançar. Iku se encantou com o cortejo dos gêmeos e começou a dançar freneticamente, o que fez com que se desgastasse demais, à exaustão, enquanto os gêmeos revezavam a dança para poderem descansar. Iku desgastou-se tanto que não podia mais continuar sua matança e acabou indo embora da aldeia, deixando todos em paz. Para agradecer o fim da ameaça da morte, os gêmeos foram presenteados com muitos doces e brinquedos pelos aldeões. Essa tradição trazida pela diáspora africana ainda permanece nos tempos atuais" (Tradição Oral).

   IBEJI, na nação Ketu (ou Vunji, nas nações Angola e Congo), é o Orixá "Criança", Divindade da brincadeira e da alegria, associado à infância. Rege a alegria, a inocência e a ingenuidade. Representa tudo que existe de bom, belo e puro. Está sempre presente nos rituais do Candomblé e da Umbanda, assim como Exú. Ambos, se não forem bem cuidados, podem atrapalhar os trabalhos com as suas confusões, travessuras ou brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma "Casa de Santo".

    IBEJI é associado ao princípio da DUALIDADE, por isso rege o Odu 2 (Ejiokô). O número 2 (dualidade) representa a união, a associação, o princípio dos opostos (dia e noite, encima e embaixo, yin e yang, masculino e feminino, etc), o namoro, o casamento, os casais. Apesar de identificarmos IBEJI como "Gêmeos", trata-se de UM Orixá somente, que é entendido como dois irmãos gêmeos, indissociáveis, duas personas de uma única essência, um único ser. Sim, incompreensível, um Mistério de Deus! Por isso, acabou sincretizado com os Santos Católicos Cosme e Damião, que são gêmeos.

   Na Umbanda (a depender da vertente), é integrado às Linhas: das Mães d'Agua; de Oxum; de Yemanjá; de Oxalá; do Amor na Umbanda Sagrada (Oxum e Oxumarê); ou Linha de Yori* na Umbanda Esotérica.

   Ibeji está ligado à beleza, ao arco-íris, às cores, às agregacões, ao reluzente, à beleza, ao ouro, aos caminhos, ao amor, à maternidade, ao afeto, etc. Também está associado às contradições, mas no sentido de que existem, muitas vezes, "dois lados" de uma história e que devemos entender ambos, para agir com Justiça.

   Segundo todos esses aspectos, podemos entender o sentido do itan que conta como os Ibejis "enganaram a morte". Suas qualidades de alegria, renovação, beleza, movimento (danças) e desapego são tudo aquilo que é oposto à morte, à doença, à maldade, a malícia. Ou seja, uma vida próspera, alegre, com amor, doçura, encanto e "inocência", é uma vida que anda, que evolui, e afasta a "morte", a depressão, a doença, a angústia, o amargo. "Morte" no sentido não só restrito (o fim da vida), mas amplo, pois, pior que a morte física é a morte "do espírito" ou a morte "como pessoa", ter uma vida amarga, sem esperança, sem fé e sem amor.

   O dia 27 de setembro é comemorado em homenagem a Cosme e Damião ou IBEJI. Os devotos têm o costume de fazer caruru (comida típica da tradição afro-brasileira) e dar para as crianças nesse dia, bem como distribuir diversos tipos de doces.

   Filhos de Ibeji são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequentes. São brincalhões, sorridentes, irrequietos. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais, podendo ser obstinados e possessivos. Podem, também, apresentar bruscas variações de temperamento e uma certa tendência a simplificar as coisas.

   IBEJI é constantemente confundido com os ERÊS na Umbanda. Bem, é muito evidente que há uma relação entre eles, talvez por ambos serem crianças e terem os atributos infantis.

   Ibeji é um Orixá, uma Divindade de Deus. Erês são Entidades que se manifestam com o Arquétipo de crianças, representando o Orixá Ibeji na Umbanda. E trabalhando, claro, sob sua regência e também na de outros Orixás.