terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Sobre o Templo de Umbanda Luz Divina

 Busco, neste texto, um bom esclarecimento sobre o Templo e a necessária transparência aos leitores dos verdadeiros propósitos que nosso grupo religioso se propõe. Somos dedicados totalmente à prática da Fé e da Caridade, sendo que realizamos os trabalhos de forma gratuita e sem as tão famigeradas "misturas" de ritos religiosos de matrizes afro-brasileiras, tudo segundo as determinações do Caboclo Ventania, Guia Chefe da Casa. Talvez não fosse necessário expor coisas como "não cobramos" ou "não aceitamos trabalhos com propósitos chulos", mas se faz sim necessário tal exposição por causa do mau uso da religião por alguns apenas para ganhar dinheiro ou enaltecer seus egos e vaidades. A Umbanda deve ser uma religião que salva, inspira, acolhe, ajuda e ensina, não um local de práticas de baixo espiritismo, bebedice, fofoca, comércio religioso e/ou encomenda de feitiçarias. Infelizmente, o meio religioso afro-brasileiro, particularmente a Umbanda, precisa de uma reconstrução de conceitos e valores ético-morais, afinal, é revoltante muita coisa que testemunhamos nas práticas duvidosas de alguns ditos Pais e Mães de Santo. Não concordamos com a mistura de Ritos do Candomblé na nossa Casa, nas nossas práticas e nem nos propomos a desenvolver nosso corpo mediúnico com Orôs (sacrifícios), Buris (Comida à cabeça) ou Feituras de Santo. Por outro lado, não nos opomos e respeitamos aqueles que declaram abertamente serem do "Umbandomblé" (Umbanda com Candomblé) e o fazem com as responsabilidades inerentes e sem rotulação, bem como respeitamos o Omolokô e suas particularidades; enfim, respeitamos toda forma de religião ou culto, desde que sigam pelos princípios a que devem se propor. Não julgamos quem quer que seja, qualquer ritual, mas não consideramos rituais que fazem a maldade como umbandistas.Temos todo um conjunto de rituais estabelecidos segundo os Princípios Tradicionais da Umbanda, segundo a Teologia Umbandista e sempre em consonância aos ensinamentos do Caboclo Ventania. Para ser bem direto: somos uma Casa de Umbanda, que trabalha com Umbanda, que desenvolve os médiuns pela Umbanda e que ensina Umbanda. Cremos que a Umbanda é por si só completa como religião e não precisa recorrer a recursos alheios. Não somos nem superiores nem inferiores a qualquer Casa de Umbanda ou religião, apenas nos calcamos nos valores religiosos de cunho elevado e segundo a doutrina moral de Jesus. Sou Sacerdote e, antes disso, sou um Médium Umbandista e, antes disso, um fiel à religião e insatisfeito com práticas do mau que se fazem nessa Seara religiosa implantada no Brasil através do Caboclo das 7 Encruzilhadas. Não somos perfeitos, erramos também, mas pela imperfeição a que seres humanos estão imbuídos. Não somos "o exemplo", apenas buscamos fazer na Umbanda o melhor dentro dos nossos limites. Trabalhamos fundamentados em 7 Linhas, que na Casa chamamos de: Oxalá, Águas, Matas, Lei (Ar), Justiça (fogo), Omolu (Terra) e Esquerda. Trabalhamos com as linhas de trabalho: Direita - Caboclos, Pretos-Velhos, Erês, Baianos, Boiadeiros, Ciganos e Marinheiros; Esquerda - Exu, Pombagira, Exu-Mirim e Pombagira-Mirim. Os Orixás que cultuamos na Casa são: Oxalá, Oxum, Yemanjá, Ibeji, Oxóssi, Xangô, Ogum, Iansã, Obaluayê/Omolu e, estes demais não regularmente, Nanã, Obá e Oxumarê. Os médiuns são desenvolvidos através de: Mediunidade (desenvolvimento); Assentamentos/firmezas (Anjo de Guarda, Esquerda, etc); Deitadas (Camarinha); Amacis;  Oferendas; Doutrinação Evangélica.

Espero ter alcançado a compreensão básica de nossos princípios. Obrigado pela paciência de terem chegado sua leitura até aqui. Que Deus e os Sagrados Orixás lhes abençoe!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Minha história mediúnica

 Sejam todos bem vindos e que Oxalá lhes abençoe!!! Sou Sacerdote Juliano de Oxalá e gostaria de convidá-los a entender um pouco do meu histórico na Umbanda, do Templo de Umbanda Luz Divina e os propósitos de nossos trabalhos Espirituais.

Nasci e cresci numa família de raízes portuguesas e muito, muito ligada à Igreja Católica, religião essa que eu já me apegara desde cedo. Ao longo do meu crescimento, eu criava um interesse cada vez maior em conhecer o Catolicismo e me deparara com o que eu chamo de "primeiro choque teológico" quando descobri a existência dos Evangélicos, sim!, os "crentes". O que aprendi sobre os chamados "crentes" eram (infelizmente) conceitos preconceituosos, como se eles fossem a escória revoltada da Igreja Cristã, fato esse que me criou, digamos, certo medo, receios e um mal sentimento quando eu me aproximava de algum meio, pessoas ou templos evangélicos. Fora o que meus antigos familiares traziam de cultura, não era algo, digamos, maldoso. Mas, com o meu desenvolvimento intelectual e de idade, na adolescência esse "desprezo" às outras religiões cristãs também despertou um interesse gigantesco em entender o Cristianismo, em vários aspectos: sociais, teológicos, culturais, históricos, etc. Já tinha desde tenta idade o impulso em estudar o Catolicismo, principalmente depois da Primeira Comunhão, por volta dos 11/12 anos, não me recordo exatamente qual idade. Claro, minhas referências de estudo eram bem básicas e direcionadas ao Catolicismo; afinal, eu vivia com minha tia, extremamente católica, que foi quem me criou e deu toda minha formação ética, moral, princípios, educação, etc, e conhecia diversos membros da Igreja, como Padres e Freiras. Além disso, meu Padrinho de Crisma, genro da minha tia, muito católico, teve importantíssima presença na minha vida como fonte de conhecimento e bibliografias literárias, entre outras importâncias. Portanto, estudei freneticamente o Catolicismo na minha adolescência e me apaixonei de vez por essa religião, pra mim à época, realmente "A Verdade"! Mas, uma terrível dúvida me perseguia: o porquê de existirem outras religiões, cristãs e aquelas à época totalmente distantes de minha realidade, como Islamismo, Budismo, Hinduísmo, etc, etc e etc. Como Deus permitiu isso??? Como poderia ter um Deus que permitia que outros seres humanos não tivessem o conhecimento "da verdade", o Catolicismo? O que aconteceria após a morte dessas pessoas não batizadas ou que sequer ouviram falar de Jesus durante suas vidas? As respostas eram totalmente "idiotas" (e ainda considero isso). Eram do tipo: "não se salvarão; não poderão entrar no Céu; irão a um plano espiritual à parte, que chamam de 'limbo'; entre outras respostas". No Ensino Médio, deparei-me com o Islamismo nas aulas de história e aquilo brotou dentro de mim uma tremenda curiosidade. Descobri o Profeta Muhammad ("Maomé") e que o Islã era a religião que mais crescia no mundo: eu tinha que descobrir por quê! Paralelamente, tinha amigos espíritas, com os quais eu debatia fervorosamente contra. Pra mim, à época, espiritismo e religiões de matriz afo-brasileira eram coisas atrasadas e sem sentido. Bem, por volta dos meus 20, 21 anos, eu aprofundava meus estudos religiosos e já sem muito do "filtro preconceituoso" cristão que eu carregava. Eu estava mais aberto ao relativismo cultural! Após pesquisar, resolvi ir a uma Mesquita Islâmica que eu descobrira o endereço - lembrem de que nessa época não havia a facilidade do "Google", como hoje. Certo dia, fui à Mesquita, fui bem recebido e passei a frequentar as aulas que eles ministravam para leigos, alguns dias da semana. Era uma Mesquita Xiita, que eu nem fazia ideia à época das divisões do Islã! Certo dia recebi uma carta me convidando para a inauguração de uma Mesquita; acreditem: no meu bairro!!! Fui até lá no dia e disse que estava vez ou outra frequentando uma Mesquita Xiita, o que espantou a todos ali: eram Sunitas! Explicações dadas sobre as diferenças de Xiitas e Sunitas, como poderiam ter me mandado tal carta, haja vista não terem nada no cadastro deles sobre mim e a possibilidade de ter saído os dados meus da Mesquita Xiita era impossível. Deduziram lá que fora um "milagre" de Allah, que "me escolhera" para a Conversão (o termo correto é Reversão, segundo o Islamismo), o que gerou muito entusiasmo e minha ótima recepção no local. O que ocorreu? Afastei-me das religiões: Catolicismo e Islamismo. Passei a aprofundar meus estudos em uma figura que eu admirava muito e era presente tanto no Cristianismo quanto no Islamismo: Jesus! Estudava, pesquisava e lia TUDO sobre ele, entre diversas fontes e formas de entender esse "homem" tão fascinante. Após um tempo, deparei-me com um sério problema na vida, uma fase ruim mesmo, até que um amigo de infância pedia para eu aceitar que um tal de "Seu Tatá Caveira" me ajudasse. Neguei até onde deu, mas um dia eu o desafiei, falei que trouxesse o tal espírito, mas que eu o testaria. Uma noite, tudo acertado, charuto, bebida, Pemba, velas e lá na minha casa meu amigo abriu a Gira. Testei até onde pude, joguei, fiz perguntas profundas sobre mim, sobre tudo e, pra minha surpresa, eu conversava com um verdadeiro sábio. Não era possível meu amigo saber aquelas coisas, sequer tinha muita instrução, quanto mais conversar de forma tão acadêmica e filosófica. Conclusão: apaixonei-me por aquela tal "Umbanda"! Passei daquele ano, início de 2000, a estudar tudo sobre a Umbanda, visitar o Terreiro de que meu amigo fazia parte. Virei membro da corrente desse Terreiro, que praticamente é, hoje, minha base doutrinária e princípios do que faço na minha Casa: Tenda de Umbanda Caminho de Fé, Casa chefiada pelo Caboclo Tupã e Pai Guido de Ogum. Fiquei alguns anos alí e passei a seguir os conselhos do meu Pai: ir procurar os locais que ele indicava para fazer cursos e ler os livros que ele aconselhava. Acabei fazendo diversos cursos teóricos, doutrinários, teológicos e práticos no Templo da Estrela Azul, chefiado pelo Caboclo 7 Ventanias (se eu não estou maluco e me confundi) e Pai Juruá (Rogério de Oxalá). Sai do terreiro e parei os cursos, passando a me aprofundar mais nós estudos acadêmicos sobre a Umbanda, com orientação de professores universitários os quais eu recorri. Fiquei uns 2 anos sem Casa e só visitando todo tipo de Terreiro, até que (acho que no ano de 2006 conheci o Pai Antônio Monteiro e seu Terreiro, chefiado pelo Caboclo 7 Estrelas. Mais cursos eu fiz alí (além de outros fora), além de trabalhar na corrente mediúnica como Cambono. Pasmem, durante uns 6 anos não senti uma vibração, um nada que remetesse a uma manifestação mediúnica, somente camboneava e acreditava piamente que eu não era incorporante. Certo dia fui visitar meu antigo Terreiro e era Gira de Pretos-Velhos, que eu adoro. Pai Tomás me chamou, e, como se fosse tudo combinado, chamou meu Preto-Velho. Eu nem sabia o que fazer, mas algo começou a acontecer, bom demais, inexplicável eu acho. Uma força começou a tomar conta de mim e minha mente começou a ir sabe Deus pra onde. Sei que eu estava com o corpo abaixado, tremendo, acho que dançando ao som de atabaques e fazendo coisas que eu não pensava ou queria. Quando dei por mim de forma, digamos, consciente, eu estava levantando as costas e sentindo aquela força "saindo", não sei bem explicar. Pai Tomás então olhou pra mim e disse, algo do tipo, "quem disse que fio não era incorporante". Bem, continuava no meu atual terreiro e, após isso, passei a sentir meus Guias nas giras e, em torno de um semestre eu simplesmente recebia todas as linhagens! Era hora de confirmar pontos e nomes, momento que nós literalmente "nos cagamos" de medo. Tudo ocorreu (sabe Deus como) perfeitamente e passei a ser médium passista, até que muito rapidamente, numa gira de Caboclos, Pai Antônio vira-se pra mim e fala: "Hoje você e seu Caboclo vão atender." Meu Deus!!! Um frio na barriga e um princípio de disenteria parecia tomar conta de mim, que tremia e desejava sair correndo dali. Gira tensa! Desespero! Ansiedade! Não teve jeito, chegara a hora, Caboclo Ventania tinha chegado. Nunca tinha atendido, não conhecia um alma que iria passar comigo, mas no final deu tudo certo. Daí fui pegando confiança e aprendendo... Aprendendo muito!!! Com mais uns meses, desenvolvi-me tanto que tornei-me Pai Pequeno. Fiquei uns dois anos, pouco mais talvez, até que sentia uma voz na minha cabeça sempre dizendo: "Seu tempo aqui acabou!" Sentia o Caboclo Ventania dizendo e ficava encucado. Cada Gira ficando mais intenso o recado e a presença do Caboclo na incorporação menos presente. Estranho, não?! Sim, muito! Até que um dia ele não veio, não incorporei. Bom, daí não teve jeito, entendi o recado e acabei saindo mesmo da Casa, confiando no meu Pai Ventania. Depois disso, veio aquela terrível dúvida: e agora? Depois de pouco tempo,  comecei a trabalhar a Umbanda, algumas vezes, com um amigo, aquele que incorporava o Exu Tatá Caveira, que já falei anteriormente neste texto.

Não demorou nem dou ou três meses e eu resolvi abrir um espaço religioso próprio, na minha casa, num quartinho que havia na área externa. A minha intenção era trabalhar sozinho, com certa peridiocidade, de forma autônoma. Montei a estrutura física do terreiro, com as firmezas e assentamentos básicos e comecei minha jornada mediúnica. Não demorou e a "casa" estava cheia! Um e outro querendo "entrar" e pessoas pedindo atendimento. Agreguei as pessoas que queriam alí ficar e comecei ensiná-los e desenvolvê-los. Não tardou e precisei de espaço! Transferi do pequeno cômodo para a garagem da minha Casa, que era grande. Ali então se sedimentou a Tenda de Umbanda Caminho de Luz; este foi primeiro nome que eu utilizei. Isso aconteceu creio que entre 2008 e início do ano de 2010, quando todo um corpo mediúnico e doutrina estavam estabelecidos. Depois mudei o nome para Tenda de Umbanda Caboclo Ventania, Templo de Umbanda Caboclo Ventania até chegar ao definitivo a partir de 2015: Templo de Umbanda Luz Divina!!! É um Templo dedicado ao desenvolvimento da Fé, do Amor, da Evolução e da Caridade. Não há trabalhos cobrados, coisa que (talvez) nem precisasse eu dizer aqui, mas sou "obrigado" a fazer, hajam vistas conhecidas práticas desprezíveis de certos grupos "religiosos" no meio Umbandista. O Templo se baseia no meu aprendizado e nas doutrinas que o Senhor Caboclo Ventania implantou, criando assim o que chamamos Axé Ventania, cujos leitores poderão conhecer melhor ao longo do tempo. Que Deus abençoe a todos, perdoem-me pela extensão do texto e obrigado por ter paciência e ter chegado até aqui. 

Motumbá!!!